domingo, 19 de janeiro de 2014

Direto do diário - Ano novo, folhas secas.



  Ah... Ano novo!
  E o que isso muda?
  Pois é, estou a ponto de acreditar nos pessimistas que dizem ser só mais um dia normal. E não é?
  Os mesmo problemas, as mesmas preocupações, as mesmas contas.
  Não perdi a fé. Ainda sonho com aquele ano que vem como primavera nos romances ingleses. Com um raio de sol que ilumina tudo e faz as árvores ficarem verdes, com o calor que faz com que os pássaros cantem.
  Não perco a fé. Apenas porque já vivi um ano assim. Que trouxe a primavera nas primeiras semanas, que não passou com o correr dos meses, tampouco as aves deixaram de cantar...
  Um raio de sol que iluminava o rosto, e deixava os olhos brilharem por todas as demais estações.
  Ah, como foi lindo! Me fez acreditar que todos os anos seriam assim. Sorrindo o dia inteiro sem motivos, ou por todos os motivos do mundo. Sol, luz, primavera e flores. Ah, se eu soubesse, se me dissessem que nem tudo são flores...
  Que inverno horrível esse que resolveu chegar. E ele não vai embora em setembro.
  Não tenho a pretensão de esbarrar na primavera outra vez, embora eu queira. Viver no outono já seria uma alegria...  É mais quente e tem folhas. Depois das flores, folhas são minha parte favorita nas árvores, sabia? Detesto esses galhos pavorosos que me assombram. Detesto sombras!
  Os olhos nunca brilham na sombra.
  Queria tanto correr atrás da primavera. Mas hoje ela me parece um sonho distante, um devaneio antigo que por mais que eu tente, não consigo alcançar.
  Só sinto as pedras frias, nessa escuridão congelante. Sem calor, sem folhas, sem vento.
  E enquanto a terra gira indiferente sob a sombra do sol, eu abro o caderno e escrevo.
  E quando a lua negligente faz sombra em mim com sua luz, abro o livro, pego a flor seca e sei.
  A primavera já existiu...

Por Nathália Ramos 16/01/2014